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Endometriose: O que é, como afecta o corpo e como viver com ela?

Dor não é normal. E quando ela aparece mês após mês, atrapalha sua vida e o seu bem-estar, é um sinal que merece ser escutado com seriedade. Falar sobre endometriose é uma forma de romper o silêncio que tantas mulheres enfrentam.

Por que precisamos falar sobre endometriose?

A endometriose afecta milhões de mulheres no mundo e muitas nem sabem que têm a condição. Por anos, fomos ensinadas a “aguentar a dor menstrual”, a normalizar cólicas incapacitantes, a achar que sofrer durante o ciclo faz parte da vida. Mas não faz. Dor crônica não é normal. E entender a endometriose é o primeiro passo para buscar um diagnóstico correcto, um tratamento adequado e uma vida com mais qualidade.

O que é a endometriose?

A endometriose acontece quando tecido semelhante ao endométrio (o revestimento que recobre o útero) cresce fora do útero, em locais como:

  • Trompas de Falópio;
  • Ovários;
  • Peritônio (membrana que reveste a cavidade abdominal);
  • Intestino;
  • Bexiga.

Esse tecido, mesmo fora do útero, responde aos hormônios do ciclo menstrual ele se espessa, inflama e pode sangrar, mas não tem por onde ser eliminado. Isso gera:

  • Inflamação crônica;
  • Aderências (tecidos grudados entre si);
  • Formação de cistos;
  • Dor intensa.

Quais são os sintomas da endometriose?

Os sintomas variam de mulher para mulher, mas os mais comuns incluem:

  • Cólicas menstruais muito fortes, que pioram com o tempo;
  • Dor pélvica crônica (não só durante a menstruação);
  • Dor durante ou após relações sexuais;
  • Dor ao urinar ou evacuar, especialmente durante o período menstrual;
  • Sangramento menstrual intenso ou irregular;
  • Dificuldade para engravidar (em cerca de 30 a 50% das mulheres com endometriose);
  • Fadiga, cansaço persistente.

Importante: algumas mulheres com endometriose não sentem dor intensa. Por isso, o diagnóstico deve ser cuidadoso.

 Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da endometriose costuma envolver:

  • Avaliação dos sintomas clínicos;
  • Exame físico;
  • Exames de imagem (ultrassom transvaginal com preparo específico, ressonância magnética);
  • Em alguns casos, laparoscopia diagnóstica.

O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações e melhorar a qualidade de vida.

Como é o tratamento?

A endometriose não tem “cura”, mas é possível controlar os sintomas e reduzir o impacto da doença. O tratamento é sempre individualizado, e pode incluir:

     1.     Tratamento medicamentoso

  • Anticoncepcionais hormonais;
  • Progesterona isolada;
  • Análogos do GnRH.

    2.     Cirurgia

  • Em casos de dor severa ou quando há comprometimento de órgãos.
  • A laparoscopia é o procedimento mais utilizado para remover focos de endometriose.

    3.     Cuidados complementares

  • Fisioterapia pélvica;
  • Alimentação anti-inflamatória;
  • Práticas de redução do estresse (yoga, mindfulness, terapia).

O acompanhamento psicológico também é recomendado, pois a endometriose afecta não só o corpo, mas a vida emocional e relacional da mulher.

Viver com endometriose

Receber o diagnóstico de endometriose pode ser assustador. Mas com tratamento adequado e um olhar integral para a saúde, é possível:

  • Reduzir a dor;
  • Recuperar a qualidade de vida;
  • Preservar a fertilidade (quando é um desejo);
  • Viver com mais autonomia e bem-estar.
  • Você não precisa atravessar essa jornada sozinha.
  • Buscar informação, apoio e tratamento é um acto de autocuidado e de força.

Dor não é normal. Falar sobre endometriose é um acto de respeito por si mesma e por tantas outras mulheres que ainda vivem em silêncio.

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