
Gravidez anembrionária: o que é o “ovo cego”?
Gestação anembrionária: o que é o “ovo cego”?
Nem toda gravidez resulta na formação de um bebê, e entender isso é essencial para acolher o que sentimos e cuidar de como seguimos.
Por que esse assunto precisa ser falado?
Poucas pessoas sabem, mas é possível que uma gravidez aconteça sem que o embrião chegue a se desenvolver. Quando isso acontece, chamamos de gravidez anembrionária ou popularmente, “ovo cego”.
E por mais comum que seja, ainda é um tema pouco discutido. Muitas mulheres passam por isso sem entender o que houve, achando que fizeram algo errado ou que estavam apenas com um “problema no útero”. Mas a verdade é outra, e você merece saber.
O que é gravidez anembrionária?
A gravidez anembrionária acontece quando o óvulo é fecundado, chega a implantar-se no útero e o corpo começa a produzir os hormônios da gravidez. O saco gestacional se forma mas o embrião, por alguma razão, não se desenvolve. Ou seja: há sinais de gravidez, o teste dá positivo, há atraso menstrual… mas, ao fazer o ultrassom, o saco gestacional está vazio. Por isso o nome popular: ovo cego.
Quando isso costuma ser descoberto?
Normalmente entre a 6ª e a 9ª semana de gravidez o ultrassom deve começar a mostrar o embrião e seus batimentos. Se o saco gestacional estiver maior que 25mm e ainda sem embrião visível, o diagnóstico é quase certo. Em alguns casos, o médico pode aguardar alguns dias e repetir o exame, pode ser que a ovulação tenha acontecido mais tarde do que se imaginava. Mas se mesmo assim não houver sinal de desenvolvimento, trata-se de uma gravidez não evolutiva.
Por que isso acontece?
A causa mais comum está relacionada a alterações genéticas no momento da fecundação. O embrião simplesmente não se forma de maneira viável. E isso não é culpa sua, do seu corpo ou de algo que você tenha feito ou deixado de fazer. É um fenômeno natural, como uma selecção biológica que o corpo reconhece.
Como é o processo após o diagnóstico?
Você pode optar (ou ser orientada) por três caminhos:
1. Esperar o corpo eliminar naturalmente o conteúdo da gravidez;
2. Usar medicamentos, prescritos pelo médico, para induzir a eliminação;
3. Realizar um procedimento, como a curetagem ou aspiração uterina, caso o corpo não consiga concluir sozinho.
O mais importante é que você seja bem orientada, acolhida e informada sobre cada opção e que tenha liberdade para expressar o que sente nesse processo.
E o emocional? Como lidar com a perda invisível?
Mesmo sem embrião formado, a notícia de uma gravidez desperta sonhos, planos e expectativas. Descobrir que não haverá bebê pode ser um choque emocional profundo, mesmo que o corpo nem tenha mudado tanto ainda.
Muitas mulheres sentem:
- Confusão;
- Frustração;
- Tristeza silenciosa;
- Culpa por “sofrer por algo que nem existiu” (mas existiu, sim, dentro de você).
Essa dor é real e válida. Não importa quantas semanas. Você tem o direito de sentir e o direito de ser respeitada nesse luto, mesmo que os outros não entendam.
Posso tentar de novo depois?
Sim. Na maioria dos casos, a gravidez anembrionária não interfere na capacidade de engravidar novamente. O ciclo menstrual costuma voltar entre quatro e seis semanas após o fim da gravidez, e o médico pode orientar o melhor momento para tentar outra vez tanto física quanto emocionalmente.
A gravidez anembrionária é a ausência de um embrião, mas não é ausência de dor. É possível recomeçar com acolhimento, escuta e informação, tudo se torna mais leve.
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